segunda-feira, 27 de julho de 2009

A Partilha do Pão

17º Domingo do Tempo Comum “Ano B”

Leituras: 1ª 2Rs 4,42-44;

Salmo 144/145;

2ª Ef 4,1-6;

Evangelho Jo 6,1-15

É comum a sociedade criticar as ações sociais da Igreja, que se dirá de suas declarações sobre política e economia. Segundo a sociedade a Igreja não deve se meter em assuntos temporais e ocupar-se apenas com o espiritual. A violência, a impunidade, a falta de saúde, a falta de educação, a fome que atingem grande parte da população não dizem respeito ao Reino de Deus? Não diz respeito à Igreja que perpetua e atualiza o anuncio do Reino de Deus?

Domingo passado Marcos (Mc 6, 30-34) mostra que Jesus se compadece daquele povo sem perspectiva de vida, perdido, como ovelha sem pastor. Jesus os acolhe e ensina e ao fim do dia, quando é chegada a hora de despedir-lhes, antes os alimenta (Mc 6, 35-44). A Igreja assim como Jesus se dedica ao “desenvolvimento integral do homem”, não cuida unicamente do espírito.

Jesus não se surpreende com as circunstancias e as usa para apresentar o pão ao povo, para depois mostrar o Pão Verdadeiro. Jesus prepara o anuncio do “Pão da Vida”, como veremos nos próximos Domingos com o sermão do Pão.

Para resolver os problemas econômico/sociais não é preciso que o Filho de Deus venha ao mundo, os meios estão ai. Estes meios providos por Deus, frutos da terra e do trabalho do povo precisam ser utilizados de forma consciente e justa, direcionados a solução dos problemas. A Igreja tem como missão colocar os responsáveis por estes meios diante da vontade de Deus para que vivam como Jesus ensinou. Isso não significa pregar ingenuamente a “Boa Vontade”, sem fazer nada que obrigue as pessoas a pô-la em prática.

Para que a justiça social aconteça é necessário mecanismos, leis, que proporcionem e garantam sua realização concreta. Não é responsabilidade da Igreja criar estes mecanismos e leis, mas a Igreja tem que mostrar o rosto de Deus que deseja que nos tratemos como irmãos. Para isso a Igreja não pode deixar de apontar quais são as responsabilidades concretas.

No Evangelho vemos que a reflexão dos apóstolos é muito racional e funcionalista. A economia de Jesus é muito mais simples, como o menino que na necessidade coloca tudo o que tem em comum – cinco pães e dois peixes. É na simplicidade da dinâmica da partilha, sem calculo algum, no exemplo de desprendimento do menino, que seguindo a simplicidade da lógica do Mestre, coloca tudo o que tem em comum. É a lógica da gratuidade, do amor, do olhar para o irmão, não para si mesmo.

Mediante tudo isso seguro alguma coisa que não quero dividir?

Minha lógica é do acumulo, da centralização, do cada um por si? ou é a lógica de Jesus da partilha, do amor?

A partir da Palavra qual meu novo olhar? é para os outros, para as pessoas que posso encontrar. Minhas mãos vão estar abertas como a do menino do evangelho, estou disposto a colocar o que tenho em comum para o beneficio do outro?

Jesus revela o Deus da vida e do amor. No relato do evangelho o gesto da partilha se da num momento de encontro com a grande multidão onde estavam presentes gentios da Galiléia e de territórios vizinhos sinalizando a abrangência universal do gesto. A solução do problema da fome e das carências do homem não reside na economia de mercado, vender e comprar visando lucro. É na partilha dos bens deste mundo, do pão, dos frutos da terra, da cultura, que se pode satisfazer a todos e ainda sobrara em abundancia. É pela partilha que realizaremos a unidade desejada por Deus, formando-se um só corpo e um só espírito, na comunhão da paz onde não haverá mais divisão entre ricos e pobres.

“O homem que trabalha e ganha o pão que come, não come o pão de ninguém. O homem que trabalha e ganha mais pão que come, come o pão de alguém.” (Sása Mutema, Salvador da Pátria.)

Diác. Adriano Gomes.

segunda-feira, 20 de julho de 2009

Amizade, Dom eviterno de Deus.

A verdadeira amizade é um reflexo do amor de Deus por nós, a Amizade é gratuita, não espera recompensa alguma, a amizade simplesmente é sem nenhuma condição para que seja. Quando era chegada a hora Jesus disse a seus apóstolos “...Já não vos chamo servos, porque o servo não sabe o que faz o seu senhor; mas a vós chamei-vos amigos,...” (cf. Jo 15, 14).

Amizade é comunhão, assim se consolida nas alegrias e nos sofrimentos, rico é aquele que possui amigos verdadeiros, que partilham tudo que somos e passamos.

Milton, você é meu amigo, passei junto de ti todas as suas vitórias, derrotas, sofrimentos e alegrias, assim como você passou as minhas, partilhamos até amigos. Hoje fico feliz por saber que sua amizade é tão forte que resolveu ir ao Pai interceder por nós, partiu para poder cuidar melhor do seu maior tesouro seus amigos e familiares.

Tive a honra de rezar suas exéquias, muito emocionado, com saudades porem não triste, pois a morte é para nós cristãos a vitória, a conquista da verdadeira e eterna vida. E a amizade não tem fim, permanece mesmo na ausência e cresce de forma inequívoca e contínua.

Seja feliz junto de Deus meu amigo, tenha certeza que sua partida serviu para unir cada vez mais os que ainda ficaram a espera da vitória da morte.

Adriano e Joaquim