A vida segue, com ou sem o nosso consentimento, porque está intrinsecamente conectada ao tempo — e o tempo, como dom de Deus, não cessa, não se detém, não retrocede. Avança com firmeza, silencioso e implacável. Ainda que, por vezes, tenhamos a ilusão de acelerá-lo com nossa pressa cotidiana, jamais poderemos abrandar sua marcha ou adiar seu curso. Diante desta realidade, somos convidados a não apenas assistir à vida passar, mas a nela mergulhar com consciência, responsabilidade e esperança. Pois esta vida é finita — tem um início, um meio e, inevitavelmente, um fim.
A Sagrada Escritura nos adverte: “Ensina-nos a
contar os nossos dias, para que alcancemos um coração sábio” (Sl 90,12). O
salmista clama a Deus que o ser humano aprenda a reconhecer a brevidade de sua
existência terrena, para que, a partir dessa consciência, viva com sabedoria.
Viver não é simplesmente existir, mas fazer do tempo um espaço de salvação e de
santificação.
A Igreja nos ensina que a vida humana é um dom
precioso de Deus, concedido para que nela e por meio dela se cumpra um
propósito eterno. O Catecismo da Igreja Católica afirma: “A vida humana é
sagrada porque desde o seu início comporta a ação criadora de Deus e permanece
para sempre numa relação especial com o Criador, seu único fim” (CIC,
§2258). Portanto, cada instante da vida é um tempo de graça, uma oportunidade
de comunhão com Deus e com os irmãos.
Não fomos criados para simplesmente passar pelo
mundo. Somos chamados à plenitude da vida, que é a própria participação na vida
divina: “Eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância” (Jo
10,10), disse o Senhor. Essa abundância não se refere a uma mera multiplicação
de experiências ou conquistas materiais, mas à qualidade espiritual da
existência, ao viver segundo o amor, a verdade e a justiça do Evangelho.
Santo Irineu de Lyon afirmava com sabedoria: “A
glória de Deus é o homem vivo, e a vida do homem consiste na visão de Deus”
(Adversus Haereses, IV, 20,7). Logo, viver de maneira plena é viver em Deus e
para Deus. Não se trata de um moralismo estéril, mas de uma existência fecunda,
marcada por escolhas que apontam para o bem, para o amor ao próximo, para o
serviço e para a esperança na eternidade.
A finitude da vida não deve nos paralisar com medo,
mas nos despertar para o valor do hoje. O Concílio Vaticano II recorda que “o
homem, ao tomar consciência da sua morte, é chamado a um destino eterno”
(Gaudium et Spes, 18). Nossa existência não se esgota com a morte, mas é
transformada. A morte, embora dolorosa, é o limiar da vida eterna. Como ensina
São Paulo: “Se vivemos, é para o Senhor que vivemos; se morremos, é para o
Senhor que morremos. Portanto, quer vivamos, quer morramos, pertencemos ao
Senhor” (Rm 14,8).
Neste sentido, viver é preparar-se para o encontro
definitivo com o Pai. É converter cada dia, cada escolha e cada gesto em
resposta amorosa à graça recebida. É transformar o tempo em eternidade por meio
da caridade, do perdão, da entrega.
Por isso, ao olharmos para nossa vida e refletirmos
sobre o tempo que passa, a pergunta que deve ecoar em nosso coração é: O que
fiz de minha vida, de meu tempo? Não como quem se atormenta pelo passado ou
se angustia pelo futuro, mas como quem deseja dar sentido pleno ao presente, ao
“hoje” da salvação (cf. Lc 19,9).
Assim, que possamos viver e fazer de nossa vida uma
vida plena e feliz — não segundo os critérios efêmeros do mundo, mas à luz do
Evangelho — enquanto a vida não chega ao seu termo, e enquanto não chega a hora
de nos apresentarmos, com as mãos cheias de amor, diante d’Aquele que nos deu a
vida.
Diác. Adriano T Gomes
Com o auxílio de Valouther*, assistente digital baseado na IA da OpenAI
*Valouther é uma inteligência artificial treinada pela OpenAI (Chat GPT), utilizada aqui como apoio na redação, estruturação e ampliação do conteúdo com fidelidade à doutrina católica.