sexta-feira, 12 de setembro de 2025

A Celebração da Exaltação da Santa Cruz:


1. Origem e Significado da Festa

A Festa da Exaltação da Santa Cruz, celebrada em 14 de setembro, remonta ao século IV, quando a imperatriz Santa Helena encontrou a verdadeira Cruz de Cristo em Jerusalém. Também recorda a dedicação da Basílica do Santo Sepulcro em 335.
A Igreja não celebra a Cruz como objeto decorativo, mas como sinal supremo de nossa salvação, instrumento da Redenção pelo sacrifício de Cristo.

O Missal Romano define o caráter da celebração:

“A Igreja exalta a Santa Cruz, na qual Cristo, obediente até a morte, venceu a morte e o pecado, e nos trouxe a vida e a salvação.”

Portanto, o sentido central da festa é a vitória da Cruz e não a sua estética exterior.

2. Estrutura Litúrgica Oficial

a) Cor e Ornamentação

  • Cor litúrgica: Vermelho, que simboliza o sangue derramado na Cruz e a vitória do martírio.
  • Ornamentação: A IGMR (Instrução Geral do Missal Romano) nº 305 lembra:

“A ornamentação do altar deve ser sempre moderada, evitando excessos.”
Portanto, não há fundamento litúrgico para enfeitar a Cruz com flores, fitas ou adornos teatrais, pois a Cruz já é por si mesma sinal de triunfo e sacrifício.

b) Proclamação da Palavra

  • 1ª leitura: Nm 21,4-9 – A serpente levantada no deserto como prefiguração da Cruz.
  • Salmo responsorial: Sl 77 (78) – Louvor a Deus pelas suas obras.
  • 2ª leitura: Fl 2,6-11 – O hino cristológico da obediência até a morte de Cruz.
  • Evangelho: Jo 3,13-17 – “Assim como Moisés levantou a serpente no deserto, é necessário que o Filho do Homem seja levantado...”

A liturgia da Palavra mostra que a Cruz é instrumento de salvação, jamais ornamento estético.

c) Prefácio da Santa Cruz

O Prefácio próprio exprime a teologia central:

“No lenho da Cruz estava a nossa morte, mas no lenho da Cruz ressurgiu a vida.”
Este texto reforça a centralidade da Cruz como altar de sacrifício e vitória de Cristo, não como objeto a ser embelezado.

3. Teologia da Cruz segundo a Tradição

Os Padres da Igreja sempre destacaram a Cruz como escândalo para o mundo, mas glória para os fiéis (cf. 1Cor 1,23).

  • São João Crisóstomo: “A Cruz é a esperança dos cristãos, a ressurreição dos mortos e o cajado dos enfermos.”
  • Santo André de Creta: “Gloriemo-nos, portanto, na Cruz do Senhor. Toda a nossa salvação está nela.”

A ornamentação excessiva, ao transformar a Cruz em adorno, esvazia o seu valor teológico, reduzindo-a a objeto de estética e não de fé.

4. O que a Igreja recomenda e o que evitar

Recomendações:

  • Celebrar com solenidade própria (glória e credo).
  • Dar destaque à procissão de entrada com a Cruz elevada.
  • Usar o Prefácio da Santa Cruz.
  • Catequese explicativa sobre o significado da Cruz, conforme o Catecismo da Igreja Católica §§616-618; 619-623.

Deve-se evitar:

  • “Enfeitar” a Cruz como se fosse mero ornamento festivo.
  • Práticas alheias à liturgia oficial (exagero de flores, panos coloridos, símbolos estranhos ao rito).
  • Substituir a sobriedade da Cruz por elementos decorativos que obscureçam o mistério pascal.

5. Conclusão

A Exaltação da Santa Cruz é antes de tudo memória da vitória de Cristo sobre a morte e o pecado. A liturgia romana, com sua sobriedade e riqueza, já contém todos os elementos necessários para viver plenamente esta celebração.
Enfeitar a Cruz de modo extravagante é um desvio que empobrece o sentido teológico do mistério. O verdadeiro adorno da Cruz é a fé da Igreja, expressa na liturgia oficial que proclama:

“Nós vos adoramos, Senhor Jesus Cristo, e vos bendizemos, porque pela vossa Santa Cruz remistes o mundo.”