terça-feira, 25 de janeiro de 2011

E as Celebrações do Batismo e do Matrimônio?

Monsenhor Guedes

Não é difícil, em nossos encontros de pastoral em geral, o eterno clamor a respeito do despreparo das pessoas que procuram o Batismo das crianças Parece não ter fim tal clamor por ser verdade, já que este sacramento não é visto, por tais pessoas, como o primeiro dom proveniente da cruz e ressurreição do Senhor. O Batismo é dom excepcional do Mistério Pascal. É nossa plena inserção na Páscoa do Senhor. Somos cidadãos do céu e, se nascemos e morremos, morremos para ressuscitar.

Também encontramos, em nossas paróquias, um Caminho de Iniciação Cristã extremamente acanhado e deficiente com duas vertentes: de um lado, o rigorismo da lei sem um diálogo, pastoralmente afável através de um bom grupo de pessoas da pastoral do Batismo, e do outro lado, a falsa caridade pastoral que aceita e permite tudo.

As normas da Igreja são violadas e a comunhão pastoral é ferida por haver um atropelo nas mínimas exigências: pais e padrinhos que não apresentam o mínimo de esperanças para a futura educação cristã católica do batizando; pessoas de outras paróquias que não frequentam a igreja onde pedem o Batismo; crianças já crescidas que estão em idade de iniciar a Iniciação Cristã de crianças e adolescentes e até adultos que não seguem o caminho próprio da Iniciação à Vida Cristã.

Constatamos, também, por parte de celebrantes, o pouco domínio do próprio Ritual, o que acaba por provocar o empobrecimento da rica celebração do Batismo, como acontece na acolhida na porta da Igreja, nas várias adaptações aprovadas pela Sé Apostólica para o Brasil, no pleno conhecimento daquilo que o Ritual propõe para a celebração em etapas, no Batismo por imersão com maior riqueza ritual e em muitas outras possibilidades que, infelizmente, são desconhecidas. Uma nova leitura do próprio ritual vai fazer bem a todos os interessados.

O Sacramento do Matrimônio vem-se defrontando com a falta de fé das pessoas que batizadas, cresceram desprovidas desta virtude, razão e fundamento da vida cristã. É dispensável o relato pormenorizado do que acontece no caminho do processo matrimonial, da preocupação com a celebração e de tudo o que ela envolve. É urgente uma maior reflexão do padre, dos diáconos, das secretarias paroquiais e da pastoral familiar para a melhoria deste quadro deprimente. O Santo Sacramento do Matrimônio tem sido encarado como um ilustre desconhecido, em várias de nossas paróquias. Certamente, há ótimas exceções.

Alguns questionamentos poderão nos ajudar: como os noivos são acolhidos por nossas(os) secretárias(os) no ato de marcar o casamento e ao receberem as primeiras informações? O emprego de uma boa acolhida faz sempre muito bem. A preocupação com as regras, os valores monetários e todo o aparato externo não devem ser desprovidos de uma palavra amiga, centrada na Santa Palavra de Deus e da Igreja.

O padre participa do processo matrimonial, quando ele recebe os noivos na chamada “declaração dos noivos”, que integra os documentos exigidos. Esta é missão do padre e não dos diáconos ou de alguém da pastoral familiar. Todos os padres, principalmente, os párocos, agendam este compromisso que faz parte do seu ministério?

Os chamados encontros de preparação para o casamento possuem desafios preocupantes. Muitos noivos que, até agora, não cresceram na fé batismal não vão, a princípio, aderir a ela, em alguns dias ou horas de palestras e orações. Esta constatação aumenta mais nossa responsabilidade na criação de novos e maduros métodos para conseguirmos frutos mais seguros.

Quanto à celebração, algumas reflexões e até um exame de consciência devem ser feitos: até quando a vaidade e a falta de maduros critérios vão continuar a imperar nos atrasos, enfeites, fotografias, filmagens e nas atitudes dos mestres-de-cerimônias que atropelam a celebração, sem o mínimo de bom senso, equilíbrio e sensatez?

É muito comum o lamento na constatação destes acontecimentos. Será que não há solução? Até quando nossos templos, principalmente, os mais bonitos vão contemplar impávidos a repetição, em quase todos os sábados, destes eventos desprovidos de fé e respeito, mas bastante carregados somente de vaidade e bem próximos de um certo aspecto pagânico?

Por fim, há no ritual do matrimônio apêndices pouco conhecidos como: Rito para Bênção de Noivado, Bênção dos Esposos em Aniversário de Casamento dentro da Missa e os ritos adaptados dentro e fora da Celebração Eucarística.

Penso que é urgente mais estudos, reflexões sérias, coragem e maturidade pastoral para que o quadro atual seja revertido. Que Deus nos ajude.

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