segunda-feira, 14 de março de 2011

Quarta Feira de Cinzas e Quaresma.


Este domingo nosso vigário atendendo a piedade popular colocou após o ato penitencial as cinzas que sobraram da Quarta Feira de cinzas, para proporcionar a todos que por algum motivo não tiveram condições de comparecer a celebração das Cinzas, recebê-las. Diante do grande numero de pessoas que entraram na fila para receber as cinzas, uma jovem que recebeu a Eucaristia recentemente, e, que tem bem fresco em sua memória os ensinamentos dados durante os encontros perguntou espantada, “Diácono, a quarta feira de cinzas não é preceito? por que tanta gente não veio?”.

Vou tentar responder não só a ela, mais a todos que tem a mesma duvida.

Além dos Domingos, os dias de preceito são:

• Santa Maria Mãe de Deus – em 01 de janeiro;
• Epifania - foi transferida no Brasil para o primeiro domingo que ocorrer entre 2 e 7 de janeiro;
• São José - 19 de março, por autorização da Santa Sé NÃO é de preceito no Brasil;
• Ascensão - foi transferida no Brasil para o domingo seguinte à data originalmente comemorada, 12 de maio;
• Santíssimo Corpo e Sangue de Cristo - data variável se dá na 1ª quinta-feira após o domingo da Santíssima Trindade, entre maio e junho:
• Santos Apóstolos Pedro e Paulo - foi transferida no Brasil para o domingo seguinte à 29 de junho data original dessa solenidade;
• Assunção de Maria - foi transferida no Brasil para o domingo seguinte à 15 de agosto data original dessa solenidade;
• Todos os Santos - foi transferida no Brasil para o domingo seguinte à 01 de novembro data original dessa solenidade;
• Imaculada Conceição – 08 de dezembro;
• Natal – 25 de dezembro;

Portanto canonicamente a quarta feira de cinzas não é dia de preceito. Encontramos maior esclarecimento no CIC (Código de Direito Canônico) cc 1246-1248 e no Catecismo nos cc 1457; 2041 e 2042; 2181.

Para aqueles que estão preocupados com o cumprimento das normas e preceitos a ausência na celebração da quarta-feira de Cinzas não constitui falta grave. Talvez esse seja o motivo de tantos não terem comparecido a celebração, é claro que as atribuições normais e exercício de atividade profissional do dia a dia de muitos, impede a presença, eu mesmo tive que solicitar a dispensa do dia de trabalho para estar na celebração em nossa matriz, o que não é possível a todos. Porem aqueles que poderiam ter comparecido e não o fizeram? será que por não ser dia de preceito?
Acredito que falte o conhecimento do real sentido desta celebração e do período que ela inaugura para nós cristãos, a Quaresma.

Para podermos refletir sobre a importância da nossa participação na Celebração da quarta-feira de cinzas e da vivencia da quaresma reproduzo abaixo um texto do Frei José Ariovaldo da Silva, OFM que achei no site:

http://www.maedaigreja.org.br/index.php?system=news&news_id=1371&action=read


O Tempo da Quaresma



Frei José Ariovaldo da Silva, OFM



Para qualquer festa importante, a gente costuma se preparar. E se prepara bem! Festa de 15 anos, formatura, casamento, bodas etc.... E quanto mais importante a festa, parece que mais tempo leva a preparação. Você com certeza conhece exemplos de festa preparada até com mais de um ano de antecedência... Na preparação já se começa a viver a festa.
Nós cristãos celebramos todo ano a festa da Páscoa: Morte e ressurreição de Jesus e nossa. É a maior de todas as festas. A mais importante... Grande demais para ser preparada em apenas três dias ou uma semana. Por isso, estendemos a sua preparação para quarenta dias. Daí Quaresma, período de quarenta dias, que vai da quarta-feira de cinzas até a quinta-feira santa pela manhã.
Nesses quarenta dias de preparação para a Páscoa, Deus nos leva a lembrar os quarenta anos do povo de Deus no deserto. Sobretudo, Deus nos leva a reviver os quarenta dias que Jesus passou no deserto, preparando-se para a sua missão.
É um tempo forte na vida da Igreja, em que fazemos o caminho para a Páscoa, motivados pela Palavra e unidos aos sentimentos de Jesus Cristo, cultivando a oração, o amor a Deus e a solidariedade com os irmãos.
É um tempo em que, na tradição da Igreja, os catecúmenos se preparam intensamente para o batismo na noite da Páscoa, isto é, na Vigília pascal.
É um tempo de graça e bênção, escuta mais intensa da palavra de Deus, de conversão e mudança de vida, de recordação e preparação do batismo, de reconciliação com Deus e com os irmãos; tempo de oração mais intensa; tempo de jejum como aprendizagem, entrega e docilidade à vontade do Pai; tempo de esmola ou de partilha de bens e de gestos solidários, de carinho com os pobres e necessitados.
As celebrações mais importantes do tempo da Quaresma são: Quarta-feira de cinzas, através da qual abrimos esse tempo de preparação pascal: “Convertei-vos, e crede no Evangelho!”.
Depois temos cinco domingos da Quaresma, nos quais as comunidades se reúnem para celebrar a presença viva do Senhor que nos mostra o caminho para a vitória definitiva da Páscoa.
E então vem o domingo de ramos, no qual lembramos a entrada triunfal de Jesus em Jerusalém, onde ele sofrerá a paixão e mergulhará na morte, para depois ressuscitar vitorioso.
Ainda, como parte da Quaresma, se celebra na quinta-feira santa pela manhã a missa dos santos óleos.
Nas comunidades, durante a Quaresma, se fazem também celebrações penitenciais, como sinais da nossa busca de conversão e da misericórdia de Deus que nos acolhe em seu perdão. Nelas, também se celebram ofícios próprios, como meio de intensificar a oração.

Concluindo, lembramos esta belíssima oração que a Igreja faz, já no primeiro domingo deste tempo forte de sua vida: “Concedei-nos, ó Deus onipotente, que, ao longo desta Quaresma, possamos progredir no conhecimento de Jesus Cristo, e corresponder a seu amor por uma vida santa. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo”. E toda a assembléia confirma dizendo: “Amém”

Nenhum comentário:

Postar um comentário