“Perdão. Se permitirmos a entrada
de um mau sentimento no nosso íntimo, damos lugar ao ressentimento que se
aninha no coração. A frase logízetai to kakón significa que se “tem em conta o
mal”, “trá-lo gravado”, ou seja, está ressentido. O contrário disto é o perdão;
perdão fundado em uma atitude positiva que procura compreender a fraqueza
alheia e encontrar desculpas para a outra pessoa, como Jesus que diz: “Pai,
perdoa-lhes! Eles não sabem o que fazem” (Lc 23,34). Entretanto, a tendência
costuma ser a de buscar cada vez mais culpas, imaginar cada vez mais maldades,
supor todo o tipo de más intenções, e assim o ressentimento vai crescendo e
cria raízes. Deste modo, qualquer erro ou queda do cônjuge pode danificar o
vínculo de amor e a estabilidade familiar. O problema é que, às vezes,
atribui-se a tudo a mesma gravidade, com o risco de tornar-se cruel perante
qualquer erro do outro. A justa reivindicação dos próprios direitos torna-se
mais uma persistente e constante sede de vingança do que uma sã defesa da
própria dignidade. ”
Quem perdoa não fica revisitando no
passado o pecado perdoado, o esquece, o apaga. O amor convive com a
imperfeição, desculpa-a e sabe guardar silêncio perante os limites do ser
amado.
Se não cultivarmos a paciência,
sempre acharemos desculpas para responder com ira, acabando por nos tornarmos
pessoas que não sabem conviver, antissociais incapazes de dominar os impulsos,
e a família tornar-se-á um campo de batalha.
A indignação é saudável, quando
nos leva a reagir perante uma grave injustiça; mas é prejudicial, quando tende
a impregnar todas as nossas atitudes para com os outros.
Amoris Lætitia: A
alegria do amor - Sobre o amor na família de Papa Francisco
Ter uma religião não é ter um
caráter definido, mas um caminho na direção de adquirir um. Ser religioso não é
ser melhor que ninguém, mas buscar o melhor para todos. Ter caminho de fé em
uma religião não é ser exemplo, mas companheiro de caminhada, juntos percorrer
a trilha ensinada. Não somos perfeitos, menos ainda santos, mas perseguimos
tais atributos, seguindo os ensinamentos, no meu caso, de Cristo em seu
Evangelho com sua Igreja. Assim crio e ensino minhas filhas, no amor de Deus
buscar o melhor diante dele, na esperança de continuar perseguindo os valores
evangélicos que recebemos e partilhamos.
Diác. Adriano Gomes
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