segunda-feira, 21 de abril de 2025

Favor gratuito de Deus

 A graça, segundo a doutrina da Igreja Católica, é definida como um favor gratuito de Deus, um auxílio sobrenatural que Ele concede aos seres humanos para a salvação e santificação. Essa definição é fundamentada nas Sagradas Escrituras, nos documentos da Igreja, nos ensinamentos da sua hierarquia e na teologia dos seus Doutores.

Nas Escrituras: A Bíblia revela a graça de Deus como um dom imerecido, manifestado especialmente na obra redentora de Jesus Cristo. No Novo Testamento, a graça (do grego "charis") é frequentemente associada à salvação pela fé, como expresso em Efésios 2:8-9: "Pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus; não de obras, para que ninguém se glorie". A graça é vista como a fonte da justificação e da capacidade de viver uma vida santa.

Nos Documentos da Igreja: O Catecismo da Igreja Católica (CIC) detalha extensivamente a doutrina da graça. No parágrafo 1996, define: "A nossa justificação vem da graça de Deus. A graça é o favor, o socorro gratuito que Deus nos dá a fim de respondermos ao seu chamamento: tornar-nos filhos de Deus, filhos adoptivos, participantes da natureza divina, da vida eterna". O CIC distingue entre a graça santificante (ou deificante), que é um dom habitual e estável que nos torna santos e agradáveis a Deus (CIC 1999-2000), e as graças atuais, que são intervenções divinas para atos específicos (CIC 2000).

Na Hierarquia da Igreja: A hierarquia da Igreja, através dos seus concílios, encíclicas e outras declarações, consistentemente ensina a necessidade e a gratuidade da graça para a salvação. O Concílio de Trento, por exemplo, no contexto da Reforma Protestante, reafirmou a doutrina católica da justificação pela graça mediante a fé e as obras, enfatizando a cooperação da vontade humana com a graça divina.

Nos Doutores da Igreja: Os Doutores da Igreja, santos reconhecidos pela sua profunda sabedoria e santidade, enriqueceram a compreensão da graça ao longo dos séculos. Santo Agostinho, por exemplo, desenvolveu extensivamente a teologia da graça em resposta às heresias pelagianas, sublinhando a iniciativa divina na salvação e a necessidade da graça para todo o bem que realizamos. São Tomás de Aquino, seguindo a tradição agostiniana, sistematizou a doutrina da graça, distinguindo entre a graça criada e a graça incriada (o próprio Espírito Santo) e explicando os seus diversos efeitos na alma humana.

Em resumo, a graça é entendida na Igreja Católica como um dom gratuito e sobrenatural de Deus que nos justifica, santifica e capacita a participar da vida divina. É fundamental para a nossa salvação e para a nossa capacidade de viver em conformidade com a vontade de Deus. A iniciativa é sempre de Deus, mas a graça convida e capacita a livre resposta e cooperação do ser humano.

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