terça-feira, 22 de março de 2011

A conversão a partir dos frutos

Diac. Joacir S. d’Abadia

“Convertei-vos, porque o reino dos céus está próximo” (Mt 3,2). Aqui João Batista exorta: “Convertei-vos”, também diz qual a finalidade da conversão: “porque o reino dos céus está próximo”. Deste modo, quem quiser ir para o céu deve converter a Jesus Cristo e a seus ensinamentos. Mas cada homem tentando se justificar pode perguntar o que é “conversão”.
A conversão é uma mudança radical de vida todos os dias; uma perseverança na fidelidade a Jesus até o fim. É a busca de Deus através dos meios de santificação que Ele deixou aos homens: sacrifício, renúncia e oração. Sacrificar os desejos da carne fazendo jejum e penitência; renunciar às obras do maligno e rezar para que Deus sempre volte Seu olhar de misericórdia para sua vida, a qual tanto deseja o Céu.
É pela oração que o homem consegue voltar a Deus. Depois de mudar sua vida é preciso dar-se inteiramente a Deus. Dizer a cada dia: “eu me dou a Ti, ó Deus!”, senão não adianta nada a conversão. São João Batista diz: “Não penseis que basta dizer: ‘Abraão é nosso pai’” (Mt 3,9). É o mesmo que falar: “não basta somente ser Cristão para ir para o céu, mas é preciso conversão”. Sim, pois a conversão é a condição indispensável para acolher o reino dos céus. Cristãos existem muitos, porém, pessoas convertidas e comprometidas com a verdadeira mensagem salvadora de Cristo têm poucas.
Nossas Missas Dominicais estão todas cheias de homens e mulheres que a elas vão culturalmente, de igual modo, estão cheias as filas de Comunhão de almas falsamente piedosas. Nem a cultura e nem mesmo esta falsa piedade salvarão estas pessoas.
Aliás, muitos jovens comungam estando em pecado mortal. Por exemplo, vivem fornicando (fornicar é transar antes do Matrimônio) nos seus namoros, no entanto alguns pais não falam nada. Fingem não saber do pecado dos filhos. Mas Deus irá cobrar destes pais! Os jovens comungam estando com a vida nesta situação acreditam que receber a Eucaristia é algo cultural. Nada disso! São Paulo disse que “Aquele que come e bebe sem distinguir o corpo do Senhor, come e bebe a sua própria condenação” (1Cor 11,29).
O que nossas Missas cheias estão precisando é de homens e mulheres convertidos, os quais buscam ardentemente o reino dos céus. Caso contrário, São Paulo os exortará fortemente dizendo: “não posso elogiar vocês, porque as suas assembleias, em vez de ajudá-los a progredir, os prejudicam” (1Cor 11,17). Isso porque, a busca pela conversão deve ser praticada por todos os homens.
“Ora, tudo quanto outrora foi escrito, foi escrito para a nossa instrução, a fim de que, pela perseverança e pela consolação que dão as Escrituras, tenhamos firme esperança” (Rm 15,4).
Uma pergunta final: “tenhamos firme esperança” em quê? No “reino dos céus que está próximo” (Mt 3,2), como disse São João Batista. Mas antes de tudo, o último profeta “que grita no deserto: preparem o caminho do senhor, endireitem suas estradas” (Lc 3,4) diz a cada homem: “Produzi frutos que provem a vossa conversão” (Mt 3,8). Amém.


Ao usar este artigo, mantenha os links e faça referência ao autor:

A conversão a partir dos frutos publicado 3/12/2010 por Joacir Soares d'Abadia em http://www.webartigos.com



Fonte: http://www.webartigos.com/articles/53755/1/A-conversao-a-partir-dos-frutos/pagina1.html#ixzz1HKYOqy2d

segunda-feira, 14 de março de 2011

Quarta Feira de Cinzas e Quaresma.


Este domingo nosso vigário atendendo a piedade popular colocou após o ato penitencial as cinzas que sobraram da Quarta Feira de cinzas, para proporcionar a todos que por algum motivo não tiveram condições de comparecer a celebração das Cinzas, recebê-las. Diante do grande numero de pessoas que entraram na fila para receber as cinzas, uma jovem que recebeu a Eucaristia recentemente, e, que tem bem fresco em sua memória os ensinamentos dados durante os encontros perguntou espantada, “Diácono, a quarta feira de cinzas não é preceito? por que tanta gente não veio?”.

Vou tentar responder não só a ela, mais a todos que tem a mesma duvida.

Além dos Domingos, os dias de preceito são:

• Santa Maria Mãe de Deus – em 01 de janeiro;
• Epifania - foi transferida no Brasil para o primeiro domingo que ocorrer entre 2 e 7 de janeiro;
• São José - 19 de março, por autorização da Santa Sé NÃO é de preceito no Brasil;
• Ascensão - foi transferida no Brasil para o domingo seguinte à data originalmente comemorada, 12 de maio;
• Santíssimo Corpo e Sangue de Cristo - data variável se dá na 1ª quinta-feira após o domingo da Santíssima Trindade, entre maio e junho:
• Santos Apóstolos Pedro e Paulo - foi transferida no Brasil para o domingo seguinte à 29 de junho data original dessa solenidade;
• Assunção de Maria - foi transferida no Brasil para o domingo seguinte à 15 de agosto data original dessa solenidade;
• Todos os Santos - foi transferida no Brasil para o domingo seguinte à 01 de novembro data original dessa solenidade;
• Imaculada Conceição – 08 de dezembro;
• Natal – 25 de dezembro;

Portanto canonicamente a quarta feira de cinzas não é dia de preceito. Encontramos maior esclarecimento no CIC (Código de Direito Canônico) cc 1246-1248 e no Catecismo nos cc 1457; 2041 e 2042; 2181.

Para aqueles que estão preocupados com o cumprimento das normas e preceitos a ausência na celebração da quarta-feira de Cinzas não constitui falta grave. Talvez esse seja o motivo de tantos não terem comparecido a celebração, é claro que as atribuições normais e exercício de atividade profissional do dia a dia de muitos, impede a presença, eu mesmo tive que solicitar a dispensa do dia de trabalho para estar na celebração em nossa matriz, o que não é possível a todos. Porem aqueles que poderiam ter comparecido e não o fizeram? será que por não ser dia de preceito?
Acredito que falte o conhecimento do real sentido desta celebração e do período que ela inaugura para nós cristãos, a Quaresma.

Para podermos refletir sobre a importância da nossa participação na Celebração da quarta-feira de cinzas e da vivencia da quaresma reproduzo abaixo um texto do Frei José Ariovaldo da Silva, OFM que achei no site:

http://www.maedaigreja.org.br/index.php?system=news&news_id=1371&action=read


O Tempo da Quaresma



Frei José Ariovaldo da Silva, OFM



Para qualquer festa importante, a gente costuma se preparar. E se prepara bem! Festa de 15 anos, formatura, casamento, bodas etc.... E quanto mais importante a festa, parece que mais tempo leva a preparação. Você com certeza conhece exemplos de festa preparada até com mais de um ano de antecedência... Na preparação já se começa a viver a festa.
Nós cristãos celebramos todo ano a festa da Páscoa: Morte e ressurreição de Jesus e nossa. É a maior de todas as festas. A mais importante... Grande demais para ser preparada em apenas três dias ou uma semana. Por isso, estendemos a sua preparação para quarenta dias. Daí Quaresma, período de quarenta dias, que vai da quarta-feira de cinzas até a quinta-feira santa pela manhã.
Nesses quarenta dias de preparação para a Páscoa, Deus nos leva a lembrar os quarenta anos do povo de Deus no deserto. Sobretudo, Deus nos leva a reviver os quarenta dias que Jesus passou no deserto, preparando-se para a sua missão.
É um tempo forte na vida da Igreja, em que fazemos o caminho para a Páscoa, motivados pela Palavra e unidos aos sentimentos de Jesus Cristo, cultivando a oração, o amor a Deus e a solidariedade com os irmãos.
É um tempo em que, na tradição da Igreja, os catecúmenos se preparam intensamente para o batismo na noite da Páscoa, isto é, na Vigília pascal.
É um tempo de graça e bênção, escuta mais intensa da palavra de Deus, de conversão e mudança de vida, de recordação e preparação do batismo, de reconciliação com Deus e com os irmãos; tempo de oração mais intensa; tempo de jejum como aprendizagem, entrega e docilidade à vontade do Pai; tempo de esmola ou de partilha de bens e de gestos solidários, de carinho com os pobres e necessitados.
As celebrações mais importantes do tempo da Quaresma são: Quarta-feira de cinzas, através da qual abrimos esse tempo de preparação pascal: “Convertei-vos, e crede no Evangelho!”.
Depois temos cinco domingos da Quaresma, nos quais as comunidades se reúnem para celebrar a presença viva do Senhor que nos mostra o caminho para a vitória definitiva da Páscoa.
E então vem o domingo de ramos, no qual lembramos a entrada triunfal de Jesus em Jerusalém, onde ele sofrerá a paixão e mergulhará na morte, para depois ressuscitar vitorioso.
Ainda, como parte da Quaresma, se celebra na quinta-feira santa pela manhã a missa dos santos óleos.
Nas comunidades, durante a Quaresma, se fazem também celebrações penitenciais, como sinais da nossa busca de conversão e da misericórdia de Deus que nos acolhe em seu perdão. Nelas, também se celebram ofícios próprios, como meio de intensificar a oração.

Concluindo, lembramos esta belíssima oração que a Igreja faz, já no primeiro domingo deste tempo forte de sua vida: “Concedei-nos, ó Deus onipotente, que, ao longo desta Quaresma, possamos progredir no conhecimento de Jesus Cristo, e corresponder a seu amor por uma vida santa. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo”. E toda a assembléia confirma dizendo: “Amém”

segunda-feira, 7 de março de 2011

QUE DISCIPULO SOU EU?

.



Qual é minha atitude diante do mundo de hoje? Qual a fidelidade que dispenso ao Senhor meu Deus?

É simples e cômodo ser cristão dentro de nossos templos e de nossos grupos pastorais. A grande dificuldade se encontra em viver nossa fé com continuidade em uma sociedade cada vez mais pagã, que recrimina e até despreza quem fala de Deus, que dirá de quem vive e descansa no Senhor. Nestes momentos muitos tem a inclinação de mascarar a fé ou até ignorar-la completamente para não afrontar as pessoas na sociedade ou não ser escarnecido e desprezado. Aqui se identifica que tipo de discípulo somos.

No evangelho deste domingo dia 06/03/2011 (Mt 7,21-27) somos confrontados com dois tipos de discípulos. Aquele que conhece e até acredita no Senhor porem toma esta crença como única ação de fé, justifica-se somente pela fé em Cristo. E aquele que ouvindo a palavra se entrega completamente, assim como os reis magos tomam um novo caminho após conhecer a Cristo. O primeiro tentará se apresentar a Jesus exigindo reconhecimento por sua fé e dirão; “Senhor, Senhor! não pregamos nós em vosso nome, e não foi em vosso nome que expulsamos os demônios e fizemos muitos milagres?” Ao que Cristo responde “Nunca vos conheci. Retirai-vos de mim, operários maus!”.

O verdadeiro discípulo é aquele que ouvindo a Palavra pauta nela sua vida, suas ações são direcionadas a viver com Cristo, por Cristo e em Cristo, vive a simplicidade do anuncio sem recorrer a ações grandiosas e exibições através do anuncio vazio da palavra.

O discípulo verdadeiro em sua humilde sabedoria, oriunda da escuta da Palavra, se deixa conduzir pelos ensinamentos de Cristo em expressão máxima da liberdade recebida de Deus junto com o dom da vida. Não importa qual seja a dificuldade ou a provação a que é submetido, se mantém firme e caminhando sempre em direção a casa do Pai. No fim da caminhada não terá necessidade de se anunciar e apresentar a Cristo gritando; Senhor, Senhor! Sendo acolhido em silencio, pois sua vida e o testemunho da verdadeira fé que operou em sua caminhada o apresentam. Uma fé viva cheia de obras.

Diác. Adriano Gomes


terça-feira, 1 de março de 2011

O que é missão?

..


Missão é partir, caminhar, deixar tudo, sair de si, quebrar a crosta do egoísmo que nos fecha no nosso Eu.É parar de dar volta ao redor de nós mesmos como se fossemos o centro do mundo e da vida.É não se deixar bloquear nos problemas do pequeno mundo a que pertencemos:A humanidade é maior.Missão é sempre partir, mas não devorar quilómetros. É sobretudo abrir-se aos outros como irmãos, descobri-los e encontrá-los.E, se para descobri-los e amá-los, é preciso atravessar os mares e voar lá nos céus, então missão é partir até os confins do mundo.


Dom Helder Camara