sábado, 21 de março de 2020

O Exílio do Século XXI



Na história do povo de Deus já ocorreram exílios onde o povo foi afastado de suas atividades, parentes, rotinas... e até do Templo. Lembrando que o único lugar para se fazer as orações e purificações pelas ofertas e sacrifícios era o Templo de Jerusalém. Mas estes exílios findaram, com suas consequências boas e não tão boas. Surgiram nesses períodos a Septuaginta, escritura codificada com os textos da tradição, e alguns outros de uso litúrgico reunidos, o que nos gerou o “Antigo testamento” como o conhecemos hoje em dia. Surgiram as sinagogas, que permitiram o povo se reunir, escutar a palavra de Deus, receber formação, orientação, conforto... e orar mesmo fora do Templo de Jerusalém.
Vivemos um exilio em nossas casas, imposto por um vírus (COVID-19) impedidos de exercer nossas atividades extra domicilio mais básicas e até de participar da Celebração Eucarística nos Templos (Igrejas). Precisamos unir esforços para fazer esse período ter o menor impacto negativo possível em nossas vidas. Sim, não será simples, não será fácil. Mas passará, assim como passou os grandes exílios do povo do Antigo Testamento.
Não se enganem, mesmo após o termino da “Grande Quarentena” do século XXI não retornaremos à normalidade, muitas mudanças ocorrerão, se boas ou ruins dependem de nós, nossas escolhas e atitudes. Vivemos uma grande guerra contra um inimigo Global e invisível, que chega sem ser visto e causa grandes estragos se encontrar um ambiente desprotegido e relapso.
É nossa responsabilidade minimizar ao máximo as consequências ruins, e maximizar as boas. Respeitem as orientações das autoridades, façam o que compete a cada um individualmente, não é momento de polarização ou ideologias, mas de ações comunitárias em prol de todos sem distinção. Não percam tempo postando/difundindo opiniões ou contraposições político ideológicas, utilizem de seu tempo para colaborar com a comunidade, incentivando, facilitando e até cobrando as atitudes básicas de combate ao CORVID-19.
A grande maioria das igrejas têm criado meios de atender ao povo de Deus de forma que não precisem se deslocar e comparecer ao Templo. Por orientação da CNBB, da Arquidiocese de Niterói e de outras Dioceses não estamos tendo celebração com o Povo nas Igrejas, isso vem de encontro a necessidade de evitar a aglomeração de pessoas e evitar o ambiente de propagação, diminuindo sua intensidade.
A impossibilidade de nos aproximar da eucaristia, dominical ao menos, nos assusta enquanto católicos fieis, mas não é a primeira vez na nossa história que isso acontece. Embora não canonizados, milhares de cristãos japoneses viveram sem padres por quase 250 anos. Os santos da Coréia do século XIX. Por quase três anos, Victoire Rasoamanarivo (1848-1894) e Rafael lideraram os 21.000 católicos leigos em Madagascar, reunindo-os todos os domingos para a oração comunitária, embora não houvesse padres para celebrar a missa. Victoire explicou: “Coloco diante de mim os missionários que rezam a missa e mentalmente participamos de todas as missas que estão sendo celebradas no mundo”. Diversos Santos necessitaram viver sem a comunhão eucarística por algum tempo, como: São Isaac Jogues (1607-1646), Marcos Ji TianXiang (1834-1900) e Laurentia Herasymiv (1911-1952). (Fonte Aleteia_https://pt.aleteia.org/).
Nossos Padres foram convocados a celebrar a Eucaristia diariamente sem a assistência do povo, para isso estão organizando LIVE via as mídias sociais, fiquem atentos nas mídias de sua Paróquia e comunidades. No caso de cristãos não católicos fiquem atentos as orientações de seus líderes e pastores.
A presença de Cristo na “Palavra” também é real como a da Eucaristia, sua permanência e eficácia são distintas, mas a presença é a mesma. Sem a participação da comunhão na mesa da Palavra não podemos chegar à Comunhão da Mesa do Pão. Impedidos da comunhão plena na Mesa do Pão, vivenciemos a comunhão na Palavra. Não deixem de acompanhar as transmissões ao vivo das Celebrações Eucarísticas e momentos de oração e partilha. Se possível realizem suas contribuições do Dizimo e ofertas por transferência bancaria, precisamos manter os Templos para termos para onde retornar, além de manter as famílias dos funcionários que atendem a guarda, conservação e administração das Igrejas e locais de culto.
Juntos na estrada com Jesus, vivenciando a Quaresma mais desafiadora de séculos, em comunhão espiritual na Palavra de Deus com Jesus Cristo e o Espirito Santo.

Diác. Adriano Gomes

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