segunda-feira, 26 de maio de 2025

A Igreja é Una, Não Uniforme

 Unidade na diversidade: redescobrindo o coração da Liturgia e da fé comunitária



Introdução        

Vivemos tempos de crescente zelo pela liturgia e pela vida da Igreja, o que, em si, é motivo de grande alegria. No entanto, esse zelo precisa ser iluminado pela sabedoria do Evangelho e pela escuta do Espírito Santo. Em nome da beleza ou da busca por “fazer o melhor” para Deus, muitas vezes corremos o risco de substituir a riqueza da comunhão pela rigidez da uniformidade.

Desde o início de minha caminhada cristã, aprendi uma verdade que me acompanha até hoje: “A Igreja é una, não uniforme.” Esta frase resume com clareza uma realidade espiritual profunda, frequentemente esquecida em nossos ambientes eclesiais.


Unidade e Uniformidade: distinções necessárias

A Igreja é una porque é fundada em Cristo, guiada pelo Espírito Santo e alimentada pela Eucaristia. Contudo, essa unidade não exige que todos vivam, celebrem ou se expressem da mesma forma externa. A unidade é espiritual, não estética. Como recorda São Paulo:

“Há diversidade de dons, mas o Espírito é o mesmo; há diversidade de ministérios, mas o Senhor é o mesmo” (1Cor 12,4-5).

Uniformizar a prática da fé e da liturgia segundo gostos pessoais ou de um grupo específico pode sufocar a liberdade e a criatividade inspiradas por Deus. A padronização excessiva — muitas vezes motivada por boas intenções — corre o risco de apagar a sadia criatividade que a Igreja reconhece e valoriza em seus diversos ritos e expressões locais.

O Concílio Vaticano II, em sua constituição Sacrosanctum Concilium, ensina com sabedoria:

“A Igreja não deseja impor uma rigidez uniforme em matéria de ritos, exceto quando necessário; antes, respeita e favorece as qualidades e dotes dos diferentes povos” (SC, 37).


Servir à Liturgia, não se servir dela

A Liturgia é ação de Cristo e da Igreja, não uma vitrine para vaidades pessoais. Quando se impõe uma estética que visa mais agradar os olhos do que abrir os corações à graça, transforma-se o rito sagrado em um espetáculo. Isso ocorre, por exemplo, quando se desconsidera a simplicidade e profundidade da tradição viva, substituindo-a por uma busca artificial pelo “mais bonito”.

Como nos alertou Jesus, podemos nos tornar “sepulcros caiados” (cf. Mt 23,27): belos por fora, mas ocasionalmente vazios por dentro. A exterioridade não pode substituir a comunhão interior. A verdadeira participação litúrgica é ativa e frutuosa, como orienta o próprio Concílio:

“É desejo ardente da Mãe Igreja que todos os fiéis sejam levados àquela participação plena, consciente e ativa nas celebrações litúrgicas” (SC, 14).


A prática comunitária e a experiência pessoal

A fé é vivida pessoalmente, mas se realiza plenamente na comunhão da Igreja. Não podemos confundir nossas práticas individuais com a celebração comunitária, que tem uma dimensão eclesial e doutrinal superior. A Liturgia é obra de toda a Igreja, não de indivíduos isolados.

O Catecismo da Igreja Católica recorda:

“Dentro da rica diversidade dos povos, culturas e tradições, a catolicidade da Igreja se manifesta como uma comunhão que acolhe e santifica as diferenças” (CIC, 814).

Por isso, a tentativa de uniformizar gestos, cantos e expressões pode, ao invés de unir, dividir. A unidade verdadeira é fruto do Espírito, e se dá na caridade, como lembra Santo Agostinho:

“Na essência, unidade; na dúvida, liberdade; em todas as coisas, caridade.”
(In necessariis unitas, in dubiis libertas, in omnibus caritas)


A verdadeira unidade: o amor de Cristo

A unidade desejada por Cristo não é resultado de repetições milimetricamente idênticas, mas de corações unidos no amor e na escuta do Espírito Santo. Jesus mesmo rezou ao Pai:

“Que todos sejam um, como Tu, ó Pai, estás em Mim e Eu em Ti, para que também eles estejam em Nós” (Jo 17,21).

Essa unidade nasce da caridade, do serviço, da humildade e do perdão. Nas palavras de São João Paulo II:

“A unidade da Igreja não é uniformidade, mas harmonia multiforme criada pelo Espírito Santo.”
(Homilia em Toronto, 2002)


Conclusão pastoral

Como discípulos missionários, chamados a edificar uma Igreja viva e acolhedora, precisamos cultivar a verdadeira unidade: aquela que nasce da comunhão e do amor. Que nossas comunidades valorizem a simplicidade autêntica da liturgia, a diversidade legítima das expressões de fé e o respeito mútuo entre os diferentes carismas, vocações e ministérios.

Que nunca busquemos “impor” o que nos agrada, mas, em espírito de oração e fidelidade à Igreja, aprendamos a servir à Liturgia e ao Povo de Deus com humildade e reverência, conscientes de que a beleza mais autêntica é aquela que reflete o rosto misericordioso de Cristo.

Que o Espírito Santo nos conceda sabedoria para caminhar juntos — não uniformizados, mas unidos — como Igreja Una, Santa, Católica e Apostólica.

 

Diác. Adriano T Gomes

Com o auxílio de Valouther*, assistente digital baseado na IA da OpenAI

 

*Valouther é uma inteligência artificial treinada pela OpenAI (Chat GPT), utilizada aqui como apoio na redação, estruturação e ampliação do conteúdo com fidelidade à doutrina católica.

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