1. Origem e Significado da Festa
O Missal
Romano define o caráter da celebração:
“A Igreja
exalta a Santa Cruz, na qual Cristo, obediente até a morte, venceu a morte e o
pecado, e nos trouxe a vida e a salvação.”
Portanto,
o sentido central da festa é a vitória da Cruz e não a sua estética
exterior.
2. Estrutura Litúrgica Oficial
a) Cor e Ornamentação
- Cor litúrgica: Vermelho, que simboliza o
sangue derramado na Cruz e a vitória do martírio.
- Ornamentação: A IGMR (Instrução Geral do
Missal Romano) nº 305 lembra:
b) Proclamação da Palavra
- 1ª leitura: Nm 21,4-9 – A serpente
levantada no deserto como prefiguração da Cruz.
- Salmo responsorial: Sl 77 (78) – Louvor a Deus
pelas suas obras.
- 2ª leitura: Fl 2,6-11 – O hino
cristológico da obediência até a morte de Cruz.
- Evangelho: Jo 3,13-17 – “Assim como
Moisés levantou a serpente no deserto, é necessário que o Filho do Homem
seja levantado...”
A
liturgia da Palavra mostra que a Cruz é instrumento de salvação, jamais
ornamento estético.
c) Prefácio da Santa Cruz
O
Prefácio próprio exprime a teologia central:
“No lenho
da Cruz estava a nossa morte, mas no lenho da Cruz ressurgiu a vida.”
Este texto reforça a centralidade da Cruz como altar de sacrifício e vitória
de Cristo, não como objeto a ser embelezado.
3. Teologia da Cruz segundo a Tradição
Os Padres
da Igreja sempre destacaram a Cruz como escândalo para o mundo, mas
glória para os fiéis (cf. 1Cor 1,23).
- São João Crisóstomo: “A Cruz é a esperança dos
cristãos, a ressurreição dos mortos e o cajado dos enfermos.”
- Santo André de Creta: “Gloriemo-nos, portanto,
na Cruz do Senhor. Toda a nossa salvação está nela.”
A
ornamentação excessiva, ao transformar a Cruz em adorno, esvazia o seu valor
teológico, reduzindo-a a objeto de estética e não de fé.
4. O que a Igreja recomenda e o que evitar
Recomendações:
- Celebrar com solenidade
própria (glória e credo).
- Dar destaque à procissão
de entrada com a Cruz elevada.
- Usar o Prefácio da Santa
Cruz.
- Catequese explicativa sobre
o significado da Cruz, conforme o Catecismo da Igreja Católica §§616-618;
619-623.
Deve-se evitar:
- “Enfeitar” a Cruz como se
fosse mero ornamento festivo.
- Práticas alheias à liturgia
oficial (exagero de flores, panos coloridos, símbolos estranhos ao rito).
- Substituir a sobriedade da
Cruz por elementos decorativos que obscureçam o mistério pascal.
5. Conclusão
A Exaltação
da Santa Cruz é antes de tudo memória da vitória de Cristo sobre a morte
e o pecado. A liturgia romana, com sua sobriedade e riqueza, já contém
todos os elementos necessários para viver plenamente esta celebração.
Enfeitar a Cruz de modo extravagante é um desvio que empobrece o sentido
teológico do mistério. O verdadeiro adorno da Cruz é a fé da Igreja,
expressa na liturgia oficial que proclama: